Zipaquirá, Colombia. Um arrepio toma conta de mim. Os pelos da nuca se crispam. Antes da visão, chega a audição. Ao som de “Jesus a alegria dos homens” (J.S.Bach) descortina-se bem na minha frente a monumental cruz totalmente esculpida em sal! Estou em Zipaquirá, pequeno município a 47 quilômetros de Bogotá, a capital Colombiana.
Fundada em 1600, esta pequena cidade guarda um grande tesouro: a surpreendente Catedral de Sal. Foram os índios locais que descobriram a riqueza que o sub solo guardava sob a forma de milhões de toneladas de sal! Até chegar ao coração desta obra gigantesca, é preciso descer dezenas de metros por uma rampa de cerca de 400 metros. O caminho, para mim, leva a uma viagem inusitada.
Para atingir o principal altar da catedral passo pelas 14 estações que compõem a Via Sacra (percorridas por Cristo antes de ser crucificado em Israel). A ideia é essa mesmo. Trata-se de uma reprodução da Via Sacra. Enquanto desço, vejo capelas esculpidas em pleno sal que mudam de cor e desembocam em grandes túneis que se espalham em todas as direções. É a Via Crucis na Colombia!
Explico: a catedral, inaugurada em 1995 , foi construída aproveitando uma grande mina de sal. Tornou-se a grande maravilha da Colômbia, visitada por milhares de turistas. Antes de chegar ao fundo do coração salgado desta obra prima do gênero humano, vou sendo instigado. Em vários pontos, o jogo de luz e sombras, misturado a imagens de arcanjos de sal olhando para você, cria um ambiente mágico, místico!
Um dos pontos que mais me chama a atenção é a reprodução de parte do teto da capela Sistina, em Roma, na Itália,onde o famoso pintor e escultor Michelangelo realizou uma de suas obras primas, o Juízo Final! Parte dela, representada no chão da Catedral de Sal, se destaca. É aquela pintura que você já deve ter visto de Deus tocando, com seu dedo, o dedo de um homem. Chama-se a “ A criação de Adão”.
Olho para frente em meio a um clima meio sagrado, meio profano. Estou na grande cúpula da Catedral. Bem a minha frente uma monumental cruz de 16 metros de altura domina tudo a sua volta. Obviamente esculpida em sal, chama-se “A Criação do Homem” em homenagem a Michelangelo. Tenho que concordar.
Não sou religioso. Nunca fui. Sou cristão não praticamente. Mas devo admitir que, nas profundezas do solo Colombiano, cercado por aquele ambiente de paz e tranquilidade, pensei seriamente nas frases que compõe a música imortalizada por Johan Sebastian Bach. Aquela que ouvi antes de ver a grande cruz, lembra?
Jesus continua sendo minha alegria,
O conforto e a seiva do meu coração.
Jesus refreia a minha tristeza,
Ele é a força da minha vida.
É o deleite e o sol dos meus olhos,
O tesouro e a grande felicidade da minha alma.
Por isso, eu não o deixarei ir, Jesus,
Do meu coração e da minha presença.
Fotos: Paulo Panayotis / www.oquevipelomundo.com.br
Paulo Panayotis é jornalista profissional, ex-correspondente internacional de Tv, escritor e viaja com patrocínio e apoio Avis.
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