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Foto do escritorRoberto Maia

Corinthians avança na Copa Sul-Americana em jogo carregado de tensão

Por Roberto Maia


Maycon marcou o primeiro gol do Corinthians que abriu caminho para a classificação às oitavas de final da Sul-Americana (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

A vitória do Corinthians sobre o Universitario-PER na Copa Sul-Americana ficará marcada pelas circunstâncias envolvendo o confronto. Mesmo jogando fora de casa, o Timão foi valente e saiu vitorioso com um placar de 2 a 1, carimbando sua vaga nas oitavas de final da competição continental.


O que tornou essa partida ainda mais significativa foi a decisão do treinador Vanderley Luxemburgo de levar a campo um time alternativo composto principalmente por jovens jogadores vindos da categoria de base do clube. Essa aposta em talentos em desenvolvimento demonstrou a confiança que o treinador deposita na formação de novos atletas, e a vitória certamente servirá de motivação para esses jogadores, que terão a oportunidade de ganhar experiência em competições internacionais.


Entretanto, o clima hostil em que o Corinthians foi recebido no Estádio Monumental em Lima trouxe uma sombra para o jogo. Os desdobramentos do primeiro confronto, em que o preparador físico do Universitario, Sebastián Avellino, foi flagrado fazendo gestos racistas em direção aos torcedores corintianos, trouxeram à tona mais uma vez a problemática do racismo no futebol.


Avellino foi detido e acusado de racismo pelas autoridades brasileiras após o ocorrido na partida de ida na Neo Química Arena. A atitude condenável gerou revolta e críticas tanto por parte do Corinthians quanto de muitos outros setores da sociedade.


Esse triste episódio reflete a necessidade de se intensificar os protocolos de combate ao racismo no futebol e em todas as áreas da sociedade. A lei que equiparou o crime de injúria racial ao de racismo no Brasil, tornando-o imprescritível e inafiançável, demonstra o comprometimento do país em enfrentar esse tipo de violência e garantir que os culpados sejam devidamente punidos.


O gesto de apoio do Universitario ao preparador físico que está preso em São Paulo mostra uma falta de compreensão sobre a gravidade desse tipo de comportamento. E reforça a importância da Conmebol em estabelecer medidas mais severas para coibir e punir atos racistas em suas competições.

Tentar equiparar o gesto do preparador físico peruano, que imitou um macaco no jogo de São Paulo, ao do jovem Ryan, de mostrar a camisa do Corinthians aos torcedores adversários ao comemorar o seu primeiro gol pelo Timão, é uma inversão de valores.


O futebol, como parte integrante da sociedade, deve ser um veículo de união e respeito à diversidade. Espero que episódios lamentáveis como o ocorrido no jogo contra o Universitario se tornem cada vez mais raros e que o esporte possa cumprir o seu papel como agente de mudança positiva na sociedade.


Destaco a postura corajosa do lateral esquerdo Matheus Bidu, que publicou um desabafo nas redes sociais após a vitória do Corinthians contra o Universitario. Em seu perfil no Instagram, o defensor corinthiano questionou os atos racistas de alguns torcedores da equipe peruana. "Inadmissível existirem seres humanos imundos como vocês, lixos de pessoas. Acham normal atos racistas? Enquanto existir pessoas como vocês, o mundo não vai para frente! Racistas de merda!", disse o jogador.

Matheus Bidu criticou atitudes racistas após a vitória do Corinthians contra o Universitario. (Foto: Reprodução Instagram _matheusbidu)

O jogador se posicionou contra o racismo no futebol e, como resposta à sua publicação, recebeu mensagens com xingamentos racistas. Foi chamado de "mono" e recebeu emojis de macaco e bananas.


Se as autoridades que comandam o futebol não agirem com rigor contra times, torcedores e jogadores que cometam atos racistas a situação tende a piorar.



Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.

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