Por Roberto Maia
O Corinthians comemorou, dia 1º de setembro, seus 111 anos de fundação e quem ganhou o presente foi a fanática Fiel Torcida. Apesar de estar mergulhado em uma dívida bilionária, o Timão fez mágica nos últimos dias e contratou importantes reforços para o time. Primeiro veio Giuliano, depois o retorno de Renato Augusto, em seguida Roger Guedes e, na véspera do aniversário anunciou a chegada de William, que é fruto do “terrão” do Parque São Jorge e que fez fama na Europa. E antes da janela de transferência fechar ainda confirmou a contratação do lateral-direito João Pedro, junto ao Porto.
O que todos estão se perguntando – corinthianos ou não – é como o presidente Duílio Monteiro Alves conseguiu recursos para trazer jogadores caros que estavam no China e na Europa. Eu particularmente acho que o dirigente percebeu que com o elenco que o treinador Sylvinho tinha em mãos não poderia almejar colocação melhor que o meio da tabela do Brasileirão.
Em 2021, o Corinthians foi o primeiro dos clubes grandes de São Paulo a ser desclassificado de todas as competições da qual participava - Copa do Brasil e Sul-Americana. O que significou perder a chance de conseguir uma boa soma de premiação pela participação. Disputando apenas o Brasileirão e não conseguir chegar à zona dos times que irão disputar a Copa Libertadores do próximo ano também significa perder muito dinheiro.
O que fez o presidente corinthiano então. Se “livrou” de mais de uma dezena de jogadores que têm salários altos e muito tempo de contrato. Alguns rescindiram e outros foram emprestados para clubes do Brasil e do exterior. Certo que o Corinthians ainda paga parte do salário de alguns deles, mas somando todos que saíram dá uma bela aliviada nas despesas. Segundo informação de uma fonte próxima ao presidente Duílio, a folha de pagamento do elenco profissional do Timão era de R$ 14 milhões e agora está na casa dos R$ 11 milhões.
Outra aposta do mandatário corinthiano é que com a chegada dos medalhões, o marketing do clube terá melhores condições de atrair novas receitas, o que significa dinheiro novo entrando. O burburinho atual é de que com novos patrocinadores a camisa alvinegra será a mais valiosa do país.
Tudo isso, mais a volta da torcida aos jogos, o que deverá acontecer a partir de 1º de novembro, segundo o Governo do Estado de São Paulo, trará receitas ao clube, que ajudarão para bancar os salários milionários dos novos contratados.
William, a cereja do bolo!
A contratação do meia-atacante Willian, que deixou o Arsenal da Inglaterra, onde tinha mais dois anos de contrato, para voltar a vestir a camisa do clube que o formou após 14 anos pode ser considerada a maior do Corinthians desde Ronaldo fenômeno. Acima da média geral no Brasil, o jogador de 33 anos disputou as duas últimas Copas do Mundo – 2014 no Brasil e 2018 na Rússia - com a Seleção Brasileira.
Também fez sucesso na Europa, principalmente no Chelsea, onde ficou durante sete temporadas. William ainda tinha mercado no continente europeu e poderia facilmente ter ido para outro clube. Para voltar ao Timão, William disse não aos franceses Lyon e Olympique de Marselha que tentaram atravessar o negócio na última hora. Também sem dificuldade teria assinado contrato com algum time do Oriente Médio ou da China.
No Arsenal William recebia R$ 48 milhões por temporada, ou cerca de R$ 4 milhões mensais. Para rescindir o contrato abriu mão de uma bolada considerável. Coisa não muito comum atualmente, onde jogadores aceitam a reserva e o ostracismo para poderem continuar recebendo seus salários milionários até o final do contrato.
No Corinthians William receberá algo em torno de R$ 1 milhão ou um pouco mais entre luvas e salários. Valores altíssimos para os padrões do país e do Corinthians. Mas ao abrir mão de muito dinheiro para voltar a vestir a camisa do Corinthians, William mostra que ainda tem motivação e não quer simplesmente esperar o fim da carreira chegar. Ou, quem sabe, mostrar serviço no Brasileirão e voltar a ser convocado por Tite para a Copa do Mundo do Catar no final de 2022. Futebol não lhe falta.
Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.
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