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Foto do escritorRoberto Maia

Corinthians tenta encontrar paz no campo e na política

Por Roberto Maia


Com uma dívida próxima de R$ 1 bilhão, o Corinthians não tem dinheiro para contratações e foi obrigado a colocar em campo uma série de garotos formados nas categorias de base. Por causa do grande número de jogos, o treinador Vagner Mancini tem levado a campo times diferentes, mesclando jogadores com maior experiência com os jovens. O resultado nem sempre agrada os torcedores, mas apesar de jogos ruins, o time lidera com folga o seu grupo no Campeonato Paulista e segue na Copa Sul-Americana e Copa do Brasil.


O Corinthians já revelou grandes craques forjados nos antigos campos de terra no Parque São Jorge. Por isso, a torcida tem mais paciência e tolerância com os jovens que são promovidos ao time principal. Claro que os que mostram técnica e raça recebem maior admiração.


Vários garotos vindos das categorias de base ou contratados para o Sub-20 estão treinando entre os profissionais do Timão. Entre eles, os goleiros Caíque França, Matheus Donelli e Guilherme; os zagueiros Léo Santos, João Vitor, Raul Gustavo, Lucas Piton e Biro; os meias Gabriel Pereira, Gustavo Mantuan, Matheus Araújo, Roni, Ruan Oliveira, Vitinho, e Xavier; e os atacantes Cauê, Adson, Antony, Felipe Augusto, Rodrigo Varanda e Léo Natel.

O jovem zagueiro João Vitor tem se destacado positivamente na lateral-direita do Timão (Fotos: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

Sem dúvida um número considerável para um clube que nos últimos anos se acostumou a gastar com contratações milionárias que nem sempre tiveram resultado positivo em campo. Tanto que a folha de pagamento do elenco corinthiano está entre as maiores do futebol brasileiro.


Enquanto dentro de campo o Corinthians tenta encontrar o caminho para voltar a sonhar com a conquista de campeonatos, na política interna o tempo anda bastante quente. Com apenas três meses ocupando a cadeira de presidente, Duílio Monteiro Alves tem se desdobrado para cortar despesas e aumentar as receitas do clube. Ao mesmo tempo procura encontrar o equilíbrio nas relações com conselheiros situacionistas e de oposição.


Diferentemente das gestões anteriores, o grupo de oposição dentro do Conselho Deliberativo é maior. Duzentos novos conselheiros eleitos tomaram posse em janeiro, sendo a metade da oposição. Além deles há, ainda, 120 conselheiros vitalícios, que podem pender para ambos os lados. O equilíbrio de forças tem gerado atritos e ofensas entre os conselheiros.


Embora 100% dos conselheiros jurem estar apoiando a gestão de Duílio, a parte oposicionista não abre mão de continuar cobrando explicações sobre o endividamento do clube nas últimas gestões. O resultado desse embate pôde ser visto na reunião realizada na última terça-feira, dia 27. Depois de ter sido adiada várias vezes ao longo de 2020 por conta da pandemia da Covid-19, ela ocorreu de forma virtual, algo inédito na história do clube.

Duílio Monteiro Alves tem apoio dos conselheiros, mas sofre pressão por causa do endividamento elevado na gestão anterior que ele fez parte.

Com 262 conselheiros presentes, foram votadas as contas de 2019 e 2020, ambas da gestão do ex-presidente Andrés Sanchez, e o Orçamento de 2021. O resultado final apontou a reprovação das contas de 2019 (132 a 130) e a aprovação do balanço financeiro de 2020 (130 a 124). O Orçamento foi aprovado pela maioria (205 a 28 com duas abstenções).


A reprovação das contas de 2019 representou a primeira derrota de Andrés Sanchez desde que ele se elegeu presidente pela primeira vez em 2007. Líder do grupo Renovação e Transparência, Sanchez perdeu o apoio de antigos diretores e conselheiros ao longo dos anos. Ele que já foi unanimidade e ícone na política do clube, hoje é alvo das críticas dos oposicionistas e dos torcedores.


Caso a reunião tivesse acontecido em 2020, Sanchez poderia sofrer um processo de impeachment. Como não é mais presidente poderá ter que se explicar em um processo administrativo dentro do Conselho Deliberativo e caso prospere até ficar inelegível por vários anos.



Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.


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