Por Roberto Maia
Historicamente, o Corinthians enfrentou crises políticas que agitaram os bastidores do Parque São Jorge. Recentemente, essas turbulências internas se intensificaram devido às reações das redes sociais, que divulgam tudo o que acontece, seja verdade ou mentira, dependendo de quem possa se beneficiar. Uma simples faísca se transforma em explosão rapidamente no Timão.
A ascensão de Augusto Melo à presidência encerrou 16 anos de domínio do grupo político Renovação & Transparência, liderado por Andrés Sanchez. Muitos nomes tradicionais da política alvinegra perderam cargos e espaço após a derrota na eleição de novembro de 2023, aumentando a temperatura política logo após a vitória de Melo.
O ano de 2024 começou com a euforia da Fiel Torcida acreditando em dias melhores, apesar da dívida bilionária do Timão, que limita investimentos no futebol. Mesmo assim, mais de 10 novos jogadores foram contratados. Mano Menezes foi demitido, e o treinador português Antonio Oliveira deixou o Cuiabá para assumir o comando do time. No entanto, o Corinthians foi eliminado do Campeonato Paulista, aumentando a pressão.
Nas últimas semanas, a crise política se intensificou, expondo divergências entre membros da diretoria e gerando instabilidade nos bastidores do clube. As consequências podem ter um impacto significativo no futuro do Timão, tanto dentro como fora de campo.
A situação piorou após declarações do ex-diretor de futebol, Rubens Gomes, conhecido como Rubão, denunciando a existência de um "governo paralelo" dentro do clube e atacando o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior. As acusações de Rubão provocaram uma retaliação por parte de Tuma Júnior, que o acusou de "atitudes irresponsáveis" e de tentar tumultuar o ambiente do Corinthians.
A troca de farpas entre Rubão e Tuma Júnior escancarou as divisões internas na cúpula do clube e evidenciou a falta de harmonia entre os dirigentes, resultando na demissão de Rubão do cargo de diretor de futebol, por decisão do presidente Augusto Melo.
Para quem não sabe, o conselheiro vitalício Rubão foi o principal articulador da campanha de Augusto Melo, que costurou uma intrincada frente política de apoio à eleição de Melo, reunindo as principais forças de oposição dentro do clube. Após a eleição, Rubão era o "braço direito" do presidente e homem forte do futebol. Mas, em pouco tempo, eles se distanciaram. E, apenas quatro meses depois, Rubão foi retirado do cargo.
Rubão não saiu calado. No domingo passado, ele foi o destaque do programa Mesa Redonda da TV Gazeta. E cobrou explicações de Augusto Melo sobre contratos de patrocínio intermediados por Sérgio Moura, superintendente de Marketing do Corinthians. Claro que a temperatura política do clube aumentou ainda mais.
Nomes influentes da política do Corinthians já falam em impeachment do presidente Augusto Melo. Entendo que é uma possibilidade que somente prejudicaria a imagem e a credibilidade do clube. No entanto, a crise já agita os bastidores do Parque São Jorge e antecipa a corrida para o processo eleitoral previsto para 2025, polarizando ainda mais a disputa entre as diferentes correntes políticas do clube.
O futuro do Corinthians dependerá da capacidade dos dirigentes de superar as divergências e se unirem em prol do bem do clube. A busca por diálogo e consenso é fundamental para restaurar a harmonia no ambiente e retomar o caminho do sucesso.
A torcida, por sua vez, precisa se manter vigilante e cobrar dos dirigentes soluções para a crise. O engajamento e a união da Fiel podem ser fundamentais para pressionar por mudanças positivas e garantir um futuro mais promissor para o Corinthians.
Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros.
Comments