Por Roberto Maia
O jogo entre Corinthians e Flamengo no último final de semana mostrou uma das maiores diferenças técnicas entre times da Série A do Brasileirão em muitos anos. Apesar de estar jogando em casa, o Timão foi facilmente dominado, tomou três gols no primeiro tempo e em 90 minutos conseguiu dar apenas dois chutes a gol. O time comandado por Sylvinho escapou de levar uma das maiores goleadas da sua história se o rubro-negro carioca não tivesse diminuído o ritmo no segundo tempo com seus jogadores nitidamente se poupando.
A diferença entre os dois times era tão flagrante que nem faltas os jogadores corinthianos conseguiam fazer para tentar parar os flamenguistas. A Fiel protestou muito nas medias sociais e entre os comentários mais amenos estava a falta de vibração e comprometimento dos jogadores. Muito compararam o time atual com o de 2007 que naufragou à segunda divisão do Campeonato Brasileiro e o resultado é de que aquele ainda tinha força de vontade em campo. A demissão do treinador também foi muito pedida à diretoria.
O triste momento do Corinthians tem explicação e está totalmente ligado à gestão do clube nos últimos anos. Depois de ganhar praticamente todos os títulos que disputou e conquistar o Mundial de Clubes em 2012, a deterioração teve início em um processo lento e gradual que explode agora de maneira deprimente.
Mergulhado em dívidas que beiram o 1 bilhão de reais, fora as da Neo Química Arena, o clube não tem fôlego financeiro para fazer frente às necessidades de um time do primeiro escalão no Brasil. A saída foi apostar em jovens revelações da base, o que até o momento não apresentou resultados positivos.
O presidente Duílio Monteiro Alves, depois de ouvir um não de Renato Portaluppi para dirigir o time, resolveu apostar em Sylvinho, ex-lateral esquerdo revelado no antigo Terrão do Parque São Jorge, que tenta se firmar como treinador apesar de não ter muito o que mostrar em seu currículo.
Sylvinho assumiu o comando do time corinthiano no início do Brasileirão em substituição a Vagner Mancini. Após 16 jogos apresenta números modestos com apenas quatro vitórias, seis empates e seis derrotas. Com péssimo rendimento nos confrontos disputados em Itaquera, totaliza apenas 37,5% de aproveitamento dos pontos disputados. Com ele o time também foi eliminado da Copa do Brasil.
O treinador corinthiano só não foi demitido no domingo porque a direção entende que a culpa pelos resultados ruins não é apenas dele. Implicitamente a cúpula do Timão entende que o elenco que disputa o Brasileirão se mostrou muito fraco. Tanto que, apesar de estar sem dinheiro, conseguiu realizar as contratações de Renato Augusto, que deixou o Beijing Guoan, da China, e volta ao clube onde teve passagem vitoriosa entre 2013 a 2015, quando conquistou um Paulistão, a Recopa Sul-Americana e um Brasileirão; e Giuliano, ex-jogador do Grêmio e Internacional que rescindiu seu vínculo com o Istanbul Basaksehir, da Turquia. O atacante Roger Guedes – ex-Palmeiras e Atlético-MG - também já acertou tudo com o Alvinegro e pode ser anunciado em breve após conseguir sua rescisão junto ao time chinês Shandong Taishan.
Com esses três jogadores de qualidade a capacidade de Sylvinho será colocada à prova. Caso não consiga mostrar serviço certamente ele será o próximo a ser substituído.
Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.
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