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Foto do escritorRedação JBA

Exposição "Theodor Preising - Olhar Moderno, São Paulo", reúne fotografias raras e icônicas de SP

Recém chegado da Alemanha, em 1923, Theodor Preising desembarcou em terras tupiniquins aos 40 anos de idade, e se instalou no Guarujá, litoral sul de São Paulo, onde trabalhou como revendedor de cartões postais, máquinas e produtos fotográficos. Após quase 100 anos de sua chegada, os paulistanos recebem a exposição “Theodor Preising – Um Olhar Moderno, São Paulo”, que estreia em 27 de julho na Unibes Cultural, produzida por Douglas Roberto Aptekmann, bisneto e detentor do acervo de Theodor Preising.

Imagem: Theodor Preising / Divulgação Unibes Cultural

A mostra reúne um expressivo conjunto de fotografias da cidade de São Paulo, de autoria de Preising, ao mesmo tempo em que mostra o vigoroso progresso urbano da emergente metrópole, esta exposição busca reconhecer um olhar que se distancia da simples documentação e se aproxima das estratégias imagéticas da modernidade fotográfica. Quase nada escapou do seu olhar atento e diferenciado. Sua obra é referência para todos aqueles que pesquisam e são capazes de perceber a importância de sua fotografia, tanto do ponto de vista cultural, quanto do ponto de vista do documento e da memória urbana.

Sua educação formal foi iniciada e concluída na Alemanha, onde manteve um estúdio em que realizava fotografias de eventos sociais e retratos. Ao chegar, já tinha conquistado a excelência técnica e a maturidade profissional, que permitiram sua rápida inserção no comércio e na atividade fotográfica.

Imagem: Theodor Preising / Divulgação Unibes Cultural

“A Alemanha, no pós-guerra, se tornará um importante centro do movimento político, técnico-científico e intelectual da Europa. Em 1919, Walter Gropius funda a Bauhaus; Kurt Schwitters é o mais notável representante do dadaísmo; Thomas Mann lança seu livro “A Montanha Mágica”; Em 1921, Albert Einstein recebe o Prêmio Nobel; as teses de Sigmund Freud tornam-se mundialmente conhecidas; Fritz Lang e Ernst Lubitsch se destacam no cinema; Bertolt Brecht inova no teatro; entre tantas outras manifestações que marcaram o período 1918 – 1925. Claro que essa efervescência influencia todos aqueles que estão inseridos na produção cultural, bem como todas as linguagens, entre elas a fotografia”, explica o pesquisador e curador da exposição, Rubens Fernandes Junior.

Theodor Preising chegou ao Brasil no entre - guerras – 1923 foi o ano da grande desvalorização da moeda alemã – com a finalidade de se instalar profissionalmente. Em nenhum momento, ele vacilou em relação ao seu objetivo que, diferentemente de outros imigrantes, era aproveitar seu conhecimento e experiência para atuar como fotógrafo. Tanto é que sua inserção no mercado se deu através da comercialização de produtos fotográficos e cartões postais, iniciativas que asseguraram rapidamente seu reconhecido mérito na área.

Após poucos meses de trabalho, ele percebeu que a cidade de São Paulo, muito próxima do Guarujá, era um centro mais cosmopolita para concretizar seu plano, ou seja, dar continuidade e ampliar suas atividades como fotógrafo. Sem grandes conexões, Preising se instalou na capital paulista e deu início ao seu projeto, centrado na produção e distribuição de cartões postais.

Naquele momento, segunda metade da década de 1920, o cartão postal ainda era uma forma rápida, eficiente e moderna de circulação de imagens e pequenos textos. A fotografia tornou-se o paradigma da paisagem cultural da modernidade e o cartão postal, de extrema eficácia comunicativa, permitiu um impacto radical nas relações socioculturais. Persuasivo e sensível, o cartão postal deu à fotografia o crédito de instrumento essencial das novas necessidades de informação. Preising anteviu nessa possibilidade uma maneira de divulgar sua fotografia e se tornar conhecido. Para isso, precisou se assumir como empreendedor e criar alguns diferenciais que, vistos com os olhos de hoje, ainda são ousados e inovadores.

“O trabalho do fotógrafo alemão Theodor Preising registrou o Brasil inteiro quando ainda éramos um mistério para o resto do mundo. Foi pelas lentes dele que nossas cidades e cartões postais se tornaram célebres. Na exposição, ao qual patrocinamos, São Paulo e o litoral paulista são o foco principal, mostrando como a modernidade chegou por aqui e foi tomando espaços, renovando trechos inteiros de cidade e trazendo uma nova rotina em registros entre 1925 e 1940”, diz Octavio Lopes, CEO da Tok&Stok, empresa patrocinadora da exposição.

Fotógrafo independente, editor de seus cartões postais seriados e álbuns fotográficos numerados de tiragem limitada, ele se destacou no mercado e reforçou sua condição de autor e controlador da produção e distribuição da sua fotografia. Sua cartofilia traz registrado sua assinatura “TP” e os “Direitos Reservados”, atitude incomum dentre os muitos fotógrafos que atuaram nesse segmento entre as décadas de 1920 e 1940. Isso lhe conferiu um profissionalismo e uma posição diferenciada na produção fotográfica do período.

Sua produção de cartões postais foi volumosa e incluiu São Paulo, Santos, São Vicente e Guarujá, Paraná e Rio de Janeiro. Em outras cidades brasileiras essa produção foi quantitativamente menor. Também participou das atividades do Foto Cine Clube Bandeirante – concursos temáticos, exposições e os primeiros salões – e teve suas fotografias publicadas em diversos catálogos no Brasil e no exterior.

Sua fotografia traz implícita uma geometria singular, onde fica clara a importância da sua rígida formação na educação fotográfica. Possuía uma versatilidade técnica que viabilizou a criação de imagens bem definidas, nítidas e equilibradas que o aproximava dos princípios da fotografia moderna, comprovada pela sua capacidade de tornar extraordinário o cotidiano ordinário.

Ao olharmos para parte de sua produção realizada na cidade de São Paulo, é possível identificar alguns índices dessa modernidade fotográfica – ângulos inusitados de captação, cortes ousados, diferenciação no enquadramento, geometrização dos registros, posicionamento incomum da câmera, enfim uma série de procedimentos que estavam sincronizados com as atitudes de um novo olhar sobre o mundo visível, de uma nova fotografia. Ele sabia muito bem como explorar o contra-luz e foi um pioneiro nas vistas aéreas da capital paulista.

“Preising também demonstrava um especial interesse no espontâneo e imprevisível movimento urbano, e sabia captar na imagem, a vida anônima que circulava nas ruas da cidade. Ele produziu um documento visual exato, preciso e, paradoxalmente, subjetivo, o que justamente caracterizava um dos procedimentos da modernidade. Muito provavelmente, parte disso ele já tinha apreendido na sua formação inicial, centrada na técnica impecável e no apurado senso estético”, relata Rubens.

Com patrocínio da empresa Tok&Stok, a parceria quer tornar palpável - em uma esfera tão diferente da empresa - o poder que a transformação e a mudança possuem. Com a missão de serem uma marca parceira desses momentos na vida de cada um de seus clientes, a Tok&Stok quer exaltar o registro dessa modernização na cidade onde começaram sua história. Por isso, fazer parte dessa exposição é motivo de satisfação especial.

A exposição “Theodor Preising – Um Olhar Moderno, São Paulo” é contemplada com os incentivos fiscais do PROAC/SP e realização do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura com o patrocínio exclusivo da Tok&Stok.

SERVIÇO

Exposição “Theodor Preising – Um Olhar Moderno, São Paulo”

Unibes Cultural – São Paulo

Data: 27 de julho a 28 de agosto

Visita para imprensa – 26 de julho

Endereço: Rua Oscar Freire, 2500, ao lado da estação Sumaré do Metrô

Entrada gratuita

Funcionamento: Terça a sexta-feira das 14h às 19h

Informações para agendamento: (11) 98442-9811 ou (11) 96692-2627

O espaço segue todos os protocolos de segurança contra a Covid-19

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