Por Paulo Panayotis
Paris, França. “Destrua totalmente Paris”. Essa foi a ordem, dada pessoalmente por Adolph Hitler no final da segunda grande guerra mundial, para que o General Dietrich von Choltitz explodisse a cidade luz antes de se retirar com as tropas nazistas. A Alemanha perdia a guerra após a invasão das tropas aliadas que entraram na Franca pela Normandia abrindo o flanco por onde Hitler, finalmente, perderia a guerra. Mas o que tem isso a ver com um Hotel de alto luxo, um dos mais tradicionais e icônicos do ocidente?
É que aqui, no Hotel Le Meurice, da prestigiosa rede Dorchester, estava instalado o alto comando de Hitler fora da Alemanha. Por um daqueles caprichos da sorte, o General Von Choltitz, grande admirador da arte ocidental, em especial da cultura francesa, desafiou Hitler e não cumpriu suas ordens. Graças a um inimigo declarado da cidade luz, Paris não foi destruída e segue abrigando grande parte da história e cultura ocidentais. O Hotel Le Meurice, um dos mais luxuosos e discretos de Paris, foi aberto em 1835 na cidade de Calais, por um agente do correio francês que, de olho nos passageiros que vinham da Inglaterra (Calais fica na beira do Canal da Mancha, do lado francês. Do lado inglês fica a cidade inglesa de Dover) abriu uma hospedaria. O nome dele? Charles-Augustin Meurice, daí, Le Meurice. Há muitos anos ocupando um prédio único na Rue de Rivoli, tombado pelo patrimônio histórico mundial, abriga um dos meus restaurantes preferidos: o Le Dali!
O nome é uma homenagem a um dos seus ilustres “habitués”, o pintor surrealista espanhol Salvador Dali. “Contam as lendas que Dali dava festas frequentes regadas a ópio e champagne em sua suíte. E que uma vez ele insistiu tanto que conseguiu levar sua motocicleta preferida para dormir com ele, no quarto”, afirma Cinthia Sunnem, responsável pela comunicação do Hotel. Com vários restaurantes de alta gastronomia, o Le Dali é dos meus preferidos na capital francesa. Com teto encomendado à Ara Stark, filha de Philippe Stark, é uma viagem surreal por sabores e cores de Dali. Quase sente-se a presença dele por ali.
A convite da Dorchester Collection, fiquei hospedado no Le Dali por dois dias no final de agosto. A sensação é de estar hospedado no Palácio de Versailles versão século 21! Principalmente no restaurante duas estrelas Michelin, o Le Meurice by Alain Ducasse, onde também é servido o café da manhã. Inesquecível. Minha suíte, de frente para o Jardin des Tuileries, era clássica e ao mesmo tempo moderna.
Não é à toa que figuras como a Rainha Vitória e Pablo Picasso entre outros passaram e sempre retornaram ao icônico hotel Palácio. Aliás, são 31 hotéis franceses que tem tal qualificação. Para ser um hotel palácio, mais de 200 critérios são levados em consideração, como ter restaurantes gastronômicos reconhecidos, mínimo de 2 funcionários por quarto, localização excepcional e arquitetura histórica, etc.
Aliás, para mim, a localização do Le Meurice é a melhor entre todos os hotéis nos quais já fiquei em Paris: na “rive Gauche” (margem direita do Rio Sena), em frente ao Jardim das Tuileries, pertíssimo do Museu do Louvre, Museu D’Orsey e da Praca Vendôme. Tanto luxo e história tem, “bien sur”, seu preço: a diária de uma suíte, dependendo da época do ano, começa em 2.100 euros! É caro né?Mas vale cada centavo. Bem, então uma alternativa é deliciar-se com um croissant da pâtisserie Angelina, bem ao lado da entrada do hotel, a módicos 3 euros. Mas já vou avisando: tem sempre fila, portanto, aproveite e gaste um pouco a mais tomando um drink no Bar 228 do Le Meurice ou, quem sabe, um belíssimo café da manhã com direito aos inimitáveis doces do patissier Cédric Grolê! “Noblese Oblige”, meu amigo, nobreza obriga! A bientôt!
Fotos: Paulo Panayotis, Adriana Reis e Divulgação.
Paulo Panayotis é jornalista especialista em turismo, mergulhador e fundador do Portal OQVPM - O Que Vi Pelo Mundo. Mora na Europa, tem passaporte carimbado em mais de 50 países e viaja com patrocínio e apoio Avis, Travel Ace e Alitalia.
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