Por Paulo Panayotis
Paris/França. Com quase 90 anos, uma verdadeira instituição gastronômica da capital francesa está mais moderna do que nunca. É a brasserie Le Relais Plaza, no hotel Plaza Athénée, que rejuvenesce e segue como uma das melhores opções para quem não abre mão de comer muito bem num ambiente elegante e badalado em Paris. Volto ao Relais Plaza neste outono de 2024 para provar o menu que muda a cada três meses e revela o frescor dos produtos sazonais. É a primeira vez que estou aqui depois da pandemia e da chegada do jovem e talentoso chef Jean Imbert. A decoração Art Déco, com vitrais e frequentadores ilustres, lembra a Paris do passado mas com um menu moderno, vibrante, atual.
A primeira mudança colocada em prática pelo chef, cuja inspiração é a cozinha de sua avó, foi oferecer ao público porções generosas e pratos afetivos, assim como são as lembranças culinárias das mesas fartas da casa dos avós. Então esqueça as porções pequenas e os excessos de molhos ou de manteiga, o conceito aqui é comida saudável, comida de verdade. Jean Imbert surpreende do começo ao fim. Devemos, sim render graças à avó dele por ajudar a transformar a alta gastronomia francesa com ousadia e sem perder o sabor. Merci grand-mère! Obrigado vovó!
Sou recebida pelo diretor Arnaud Berric, que, antes de me levar à mesa, mostra as fotos no corredor ‘estrelado’. Elas dão uma pequena mostra de quem passou e passa por aqui: Naomi Campbel, Rihanna, Catherine Deneuve, Bill Clinton, Michael Douglas, Bono Vox, Marlene Dietrich, Yves Saint Laurent, Côco Chanel já sabiam disso há muito tempo. Eram “habitués”. Para começar, uma taça de champanhe Taittinger é servida com o couvert bem simples com pães caseiros e uma manteiga em forma de cone com pimenta de Espelette, levemente picante e tradicionalmente utilizada no País Basc Ao som de jazz, a entrada de lagostins ao thermidor traz o frescor do mar para as margens do rio Sena com uma maionese cítrica caseira cuja textura se compara à de uma mousse. As cabeças são servidas com lagostins gratinados. Divina! #Recomendo. A única ressalva é que os lagostins poderiam ser servidos soltos da casca, o que não compromete em nada o sabor. Para acompanhar, o sommelier sugere um Chassagne-Montrachet com intensa mineralidade típica dos vinhos brancos da região francesa da Borgonha.
Hesito entre o clássico steak tartare e o pombo com purê de raízes e ervas, que é o prato do dia. Na dúvida, o garçom Serge T., sugere o steak tartare e, como uma verdadeira orquestra cuidadosamente ensaiada, prepara na minha frente o melhor steak tartare que já comi na vida. A Brasserie Fouquet de Paris, aberta em 1899, que estava no topo da minha própria lista de melhor steak tartare da “Cidade Luz”, agora ficou em segundo lugar. O equilíbrio dos sabores, o frescor dos ingredientes e o preparo na hora em pleno salão são imbatíveis. Um show à parte!
Os funcionários sempre atentos e cuidadosos com todos os clientes comentam sobre duas eras recentes: A.D.P.A. e J.I.P.A. (traduzindo: era Alain Ducasse au Plaza Athénée e era Jean Imbert au Plaza Athénée). Em uma das entrevistas concedidas a nós, o diretor geral do Plaza, François Delahaye, antecipou as mudanças que viriam. A decisão, lá atrás, de escolher Jean Imbert, além de se mostrar acertada, provou que o Relais Plaza e o icônico hotel Plaza Athénée se modernizam e continuam a encantar.
Deixo de lado a lista de sobremesa e escolho champanhe Billecart-Salmon Brut Rosé para encerrar a noite em Paris e lembrar que a "cidade luz" que frequento há três décadas sempre pode surpreender em todas as estações do ano.
Jornalista esteve na Brasserie Le Relais Plaza a convite.
Fotos: Adriana Reis / www.oquevipelomundo.com.br / ppanayotis@oquevipelomundo.com.br
Paulo Panayotis é jornalista profissional, ex-correspondente internacional de TV, escritor e viaja com patrocínio e apoio Avis.
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