Milos/Santorini, Egeu - Grécia. Na semana passada vocês acompanharam comigo minha aventura pela ilha de Milos, onde foi encontrada a Afrodite de Milos, ou Vênus de Milos, como é mais comumente conhecida. Me apaixonei perdidamente pelas suas praias azul turquesa e seu povo gentil e hospitaleiro. Já, já, quando esta pandemia terminar, sugiro fortemente que inclua Milos em sua próxima - e porque não dizer - primeira viagem pós #Covid19. Quando precisar, eu dou todas as dicas, combinado?
Como vocês se lembram, eu estava prestes a embarcar, de madrugada, para a mágica ilha de Santorini, minha preferida e onde já estive várias vezes. “Bom dia sr. Panayotis, estamos ligando para informar que seu ferryboat para Santorini foi cancelado. Gostaria de remarcar seus bilhetes para daqui a quatro dias? " A voz do outro lado do telefone insiste e eu, que viajava a trabalho, retruco. “Olhe, é impossível. Primeiro porque estou indo trabalhar em Santorini, segundo porque quem vai pagar pelos dias extras aqui em Milos, pergunto eu já meio sobressaltado. A voz feminina pede um tempo para averiguar o que pode ser feito e informa que vai ligar ao longo do dia. Eu, com compromissos profissionais agendados em Santorini, tento esfriar a cabeça e encontrar uma alternativa. Aliás, esse é um dos maiores problemas de viajar entre as ilhas do Mar Egeu na Grécia. O transporte, quase sempre, é limitado aos ferry-botas que, por conta de imprevistos e alterações climáticas, podem ser cancelados sem aviso prévio. Se estiver de carro como eu, o problema é maior ainda!
Sigo para a agência onde comprei os bilhetes. Após explicar toda a situação, vem a solução. Trabalhosa, porém funcional! “Você vai para a pequena ilha de Kimolos amanhã cedo com uma balsa e, de lá, vai pegar um ferry boat para Santorini! ” Bingo! A ironia é que eu teria que ir para minha ilha preferida passando pela pequena Kimolos que, como vocês acompanharam na reportagem passada, eu havia detestado! Caso esteja pensando em ir para Kimolos, por favor, desista! Enfim, de lá tomo o ferry boat e sigo feliz da vida para Santorini. Nesta ilha, aliás, vivi um dos grandes apuros de minha vida profissional! Todos lembram que a princesa Diana morreu em um trágico acidente em Paris no dia 31 de agosto de 1997, certo? Pois naquele ano eu era correspondente em Londres de uma grande emissora de rádio e televisão no Brasil. Várias vezes tentei ir para a Grécia ao longo verão de 1997 e, a cada vez, uma notícia ou um acontecimento na Europa me impedia. Cansado de comprar e alterar datas dos bilhetes aéreos, decidi que o que quer que ocorresse, iria para Grécia. Mais: iria para Santorini, onde um amigo tem um dos hotéis mais bem localizados na ilha.
Chegando lá, exatamente no dia 31 de agosto de 1997, encontro meu amigo jogando gamão na recepção do hotel. Com um sorriso largo, ele dispara em inglês: "Salve Panayotis, tudo bem? Você viu o que aconteceu com a princesa Diana? Ela acabou de morrer!" Chocado, minha alegria se transformou em pânico. Era o último dia da alta estação na Europa e eu, o correspondente da emissora em Londres, estava onde? Em uma ilha no meio do mar Egeu! Tinha certeza de que perderia o emprego. No final, deu tudo certo porque a sorte e os deuses gregos me acompanharam de perto.
Exatos 23 anos depois, desembarco novamente em Santorini para trabalhar e rever esta ilha mágica que sempre me prega peças! E o que fazer em Santorini? Bem, tudo e nada! Mas uma coisa é imprescindível: acompanhar o por do sol na chamada “caldeira” e se hospedar no vilarejo de Oia (leia-se: Ía). E por que? Bem, primeiro porque ver o por do sol em qualquer lugar do mundo já é muito legal. Acompanhar o sol ‘morrendo’ dentro do mar em uma das dezenas de cafés, restaurantes ou varandas da “caldeira” é inesquecível. Vários concursos internacionais elegeram este lugar como o melhor do mundo para presenciar o por do sol.
Em cada café, hotel ou restaurante situados na ‘caldeira” há espreguiçadeiras para que seu ritual seja único, mágico, inesquecível! E se hospedar em Oia (Ía, lembra?) na beira dos precipícios observando um mar de um azul tipicamente grego, é para guardar na alma pelo resto da vida. Desta vez eu fiquei em uma villa, que pertenceu a um capitão que singrava os mares da Europa. Há mais de duzentos anos, os capitães de navios eram homens ricos e poderosos. Portanto, a imensa propriedade dele, hoje administrada por seu neto, é uma das maiores nas ‘bordas” dos precipícios da ilha.
Com o nome de Passion Blue Villas, tem tudo o que você imagina naqueles filmes antigos de cinema. Quartos amplos, sala enorme, jacuzzi, charme, elegância, tradição e modernidade. “A que horas quer seu café da manhã? pergunta Kostantinos Politis, o simpático diretor do lugar. É ou não é para se apaixonar repetidas vezes por Santorini? Semana que vem, dou mais dicas do que fazer, quando ir, onde comer, etc, em Santorini!
Ah, em tempo. Santorini, assim como todas as outras ilhas do Egeu grego, é de origem vulcânica. Lá pelo ano de 1200 a última erupção vulcânica de que se tem notícia por aqui, cortou a ilha ao meio. Ou seja, metade da ilha ruiu! Ao longo das últimas décadas, os ilhéus, destemidos, construíram casas nas bordas deste despenhadeiro, que hoje se chama ‘caldeira”. Nos últimos cem anos, a indústria do turismo invadiu o lugar e construiu alguns dos mais fantásticos hotéis, pousadas e restaurantes que seguramente você conhecerá em todo o mundo! E isso sem dizer que corre uma lenda de que Santorini, há muitos e muitos anos, era a misteriosa Atlântida! Será? Até já!
Fotos: Paulo Panayotis e Adriana Reis
Paulo Panayotis é jornalista especialista em turismo, mergulhador e fundador do Portal OQVPM - O Que Vi Pelo Mundo. Mora na Europa, tem passaporte carimbado em mais de 50 países e viaja com patrocínio e apoio Avis, Travel Ace e Alitalia.
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