Obstetra e ginecologista, César Patez aponta que os miomas uterinos podem ser assintomáticos, mas, em certos casos, também podem causar problemas de saúde
Cerca de metade das mulheres recebe o diagnóstico de mioma uterino em algum momento da vida reprodutiva, de acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Esses tumores benignos no útero podem ser assintomáticos, mas também podem gerar dor, sangramento, anemia, aumento do volume abdominal, constipação e até infertilidade em alguns casos. O obstetra e ginecologista César Patez explica a origem desse problema tão comum entre o público feminino. “Não se sabe exatamente o que provoca os miomas, mas seu crescimento é associado à ação hormonal do estrogênio”, afirma. “O histórico familiar pode influenciar no surgimento da doença e a sua incidência é maior em mulheres com ganho de peso e também em negras ou pardas, embora não seja possível afirmar se a predisposição étnica é ligada ou não a fatores genéticos.” O diagnóstico ocorre com mais frequência em mulheres com mais de 30 anos. Além disso, pode atingir de 40 a 55% das mulheres após os 50 anos de idade. Seus sintomas geralmente se manifestam quando os miomas são maiores, causando dores menstruais, durante a relação sexual e ao urinar por comprimir a bexiga.
Segundo o especialista, os sinais variam de acordo com o tipo de mioma desenvolvido. O mioma só causa infertilidade, por exemplo, quando o tumor é grande e está localizado no interior do útero.
“Quando ele atinge o interior do útero, que seria a cavidade uterina, é o chamado mioma submucoso. O nódulo que atinge a parte central do útero, ou seja, a sua camada muscular ou parede, chamamos de intramural. Já aquele que se desenvolve na parte externa do útero é denominado de subseroso, e, na maioria das vezes, é assintomático.” César ainda alerta para a possibilidade da paciente apresentar outras doenças associadas, mesmo que não tenham relação direta com os miomas, como adenomiose, endometriose, pólipos endometriais, entre outras. Por ser um tumor benigno, ele não traz nenhum risco de desenvolvimento de câncer. Para detectar os miomas, o principal exame ginecológico utilizado é a ultrassonografia endovaginal. “Porém, podemos realizar um diagnóstico complementar com outros exames caso seja necessário, como a ressonância pélvica e a histeroscopia, quando o mioma atinge o interior do útero”, pontua. O médico ressalta que os miomas tendem a "murchar" após a menopausa. Por isso, se o problema não interferir na fertilidade e os sintomas forem controlados, é possível apenas acompanhá-los com exames regulares até o fim do ciclo reprodutivo. Contudo, dependendo do tamanho do tumor ou de suas consequências, certos tratamentos são bem-vindos. Nos casos mais graves, a retirada do útero acaba sendo necessária. Entretanto, os pesquisadores apostam, cada vez mais, em métodos minimamente invasivos para preservar ao máximo as condições do útero. “Atualmente, existem diversos tratamentos disponíveis. Eles vão desde medicações contraceptivas, DIU hormonal, análogos de GnRH e gestrinona até a radiofrequência e embolização dos miomas, quando a paciente não deseja mais ter filhos”, indica o profissional. “Antes da retirada do útero, a miomectomia laparoscópica ou laparoscópica assistida por robótica, ainda podem ser opções possíveis para preservar o órgão.”
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