Obra traz a linguagem utilizada se inspira nos cabarés alemães, fortemente referenciados em Bertolt Brecht e Kurt Weil
A Revolução dos Bichos, de George Orwell, se passa numa granja liderada, inicialmente, pelo Sr. Jones. Porém, insatisfeitos com a dominação, os animais decidem fazer uma revolução. Eles se organizam e expulsam o Sr. Jones da granja, pois não aceitam mais ser tratados como escravos dos humanos. Os porcos passam a liderar a granja, considerando-se os animais mais inteligentes. Um dos maiores escritores do século, Orwell faz um duro retrato sobre o relacionamento do poder com o indivíduo e da sociedade e seus processos.
Na adaptação do Núcleo Experimental, dirigida por Zé Henrique de Paula, com músicas originais de Fernanda Maia, a fábula de Orwell é transformada num musical e a linguagem utilizada se inspira nos cabarés alemães, fortemente referenciados em Bertolt Brecht e Kurt Weil. A temporada acontece de 1º de outubro a 5 de novembro com sessões gratuitas diárias pelo canal do Núcleo Experimental no Youtube às 19h.
O elenco é composto pelos atores Dan Cabral, Luci Salutes, Felipe Assis Brasil, Fernando Lourenção, Flavio Bregantin, Mari Rosinski, Pedro Silveira e Yasmin Calbo e a orquestra é formada pelos músicos Fernanda Maia (piano), João Baracho (acordeon), Clara Bastos (baixo), Priscila Brigante (bateria) e Felipe Parisi (cello).
A Revolução dos Bichos é uma fábula sobre o poder. Escrito em plena Segunda Guerra Mundial, o romance é uma alegoria sobre a ambição e a fraqueza humanas, que acabam por sabotar qualquer projeto político mais justo e igualitário. Setenta e cinco anos após sua publicação, surge novamente nas prateleiras das livrarias como um best seller, diante da ascensão das ditaduras ao redor do mundo.
Esta obra é adotada por escolas públicas e privadas há algumas décadas e faz parte do estudo das áreas de Linguagens, História e Filosofia. Permite compreender conceitos como cidadania, democracia, participação política, além de fornecer um rico estudo sobre o contexto histórico do período que engloba as duas Grandes Guerras mundiais do século XX, além, obviamente, do atual contexto sócio-político, cheio de ecos e ressonâncias com a narrativa de Orwell (surgimento de ditaduras, repressão política e policial, a força da mídia e das fake news, entre outros temas. Mais de sessenta anos depois de escrita, ela mantém o viço e o brilho de uma alegoria perene sobre as fraquezas humanas que levam à corrosão dos grandes projetos de revolução política. É irônico que o escritor, para fazer esse retrato cruel da humanidade, tenha recorrido aos animais como personagens. De certo modo, a inteligência política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens.
Uma curiosidade que prova que Orwell continua em alta mesmo: uma lista, feita pela Nielsen Bookscan (plataforma de dados para o setor de publicação de livros) a pedido do jornal Estadão, mostrou que A Revolução dos Bichos e 1984 são as únicas obras de ficção que aparecem entre os 15 livros mais vendidos na quarentena entre 23 de março e 12 de julho de 2020.
SINOPSE
A vida é dura para os animais da Fazenda do Solar. Dia após dia, faça chuva ou faça sol, o trabalho é incessante. Sobre o lombo, o chicote. Sob as patas, a humilhação. Até o instante em que esses animais, liderados pelos porcos Napoleão e Bola de Neve e sob a tutela filosófica do velho porco Major, organizam-se num motim para expulsar seus algozes de duas pernas - o Sr. Jones e seus empregados humanos. Major acreditava que todos os animais deveriam ser livres e trabalhar de acordo com a capacidade de cada um, sem alguém para ditar o quanto eles deveriam se sacrificar ou mesmo comer, e foi assim que ele começou a infundir pensamentos revolucionários na Granja do Solar.
No lugar do jugo humano, instaura-se uma comunidade de bichos baseada sobretudo na igualdade. Caberá aos animais, dentro de suas limitações, entender o que tal “igualdade” significa. Após um tempo, a Granja dos Bichos se torna uma república e Napoleão, único candidato ao cargo, é eleito. A partir daí, os porcos exploram ainda mais os animais e, incrivelmente, seus rostos são cada vez mais parecidos fisicamente com os humanos. Já a conduta, essa passou a ser tão humana quanto possível, com um alto grau de corrupção. "Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que os outros": a conclusão que se chega ao final é que o desejo de comunhão e liberdade é corroído pela ambição e pelo poder alcançado pelos porcos.
1 de outubro a 5 de novembro de 2021
Sessões diárias, às 19h pelo canal do Núcleo Experimental no Youtube
(Nos dias 12, 13 e 14 de novembro (sexta e sábado, às 21h / domingo, às 19h), apresentações também pelas redes do Teatro Arthur Azevedo e nos dias 19, 20 e 21 de novembro (sexta e sábado, às 21h / domingo, às 19h) apresentações também pelas redes do Teatro João Caetano)
Grátis
Classificação indicativa: 10 anos
Duração: 1h40
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