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Foto do escritorPaulo Panayotis

Mármore, religião e badalação: ilha de Paros (parte 1)

Por Paulo Panayotis


Ilha de Paros, Cíclades, Grécia - Desembarco em Paros com uma curiosidade imensa. Estive aqui há cerca de dez anos a trabalho. Desta vez, piso nas ruas de puro mármore totalmente de férias, quer dizer, quase totalmente. Mesmo descansando não posso deixar de gravar cada detalhe na minha retina. O mar de um azul cristalino e uma transparência incrível explode em contraste com as bouganviles, conhecidas no Brasil como primaveras. De cara sinto algo diferente no astral da ilha. De poderosa produtora de mármore, em um passado não tão distante, Paros passou a ser uma das mais procuradas ilhas por europeus e turistas de todo o mundo. Pena que ainda não esteja no roteiro dos brasileiros. Bonita, charmosa, descolada e enorme - é uma das maiores ilhas do mar Egeu. Você pode chegar aqui de avião ou de ferry boat. Eu sugiro a viagem de ferries, que dura cerca de quatro horas a partir do porto de Pireus, em Atenas.


Moinho típico de Paros visto a partir do desembarque

A apenas algumas centenas de metros do porto, sigo direto para a "Igreja das 100 portas", a Panagyia Ekatontapyliani. Vale a pena conhecer esta obra de arte bizantina antes de se entregar aos prazeres mundanos desta ilha que é adorada especialmente pelos franceses. Do mesmo arquiteto que projetou a Igreja de Santa Sofia, em Istambul, na Turquia, ela atrai não somente turistas como peregrinos. Muitos peregrinos. E eles vem de toda a Grécia ano após ano.


Igreja das cem portas: joia bizantina de Paros

Impecavelmente limpa, fico curioso quando noto muita gente beijando os quadros de Nossa Senhora e Jesus Cristo. ‘Vi que você fez sua prece e, em seguida beijou várias vezes os santos, os ícones’, pergunto a um homem de meia idade totalmente absorto em seus elevados pensamentos sagrados. "Isso mesmo", afirmou Irino Konstantinos, 39 anos, morador do norte da Grécia. "Venho todos os anos aqui para agradecer a Deus por tudo que consegui ao longo da vida". Catherine Katsoulis, 27 anos, também beija com fervor os santos. Nascida em Atenas, sempre quis conhecer esta igreja milenar. “Ouvi falar dela desde minha infância e agora parece que realizo um sonho".


Uma das centenas de restaurantes a beira mar

Amora vamos ao mar. Praias? Aos montes. Diversão? De montão. Restaurantes? De todos os tipos, preços e estilos. E um aviso: a altíssima estação na europa e, portanto na Grécia, acontece entre Julho e Agosto, ou seja, agora mesmo! Assim meu amigo, vais disputar hoteis, prais e restaurantes com os europeus que gastam em euro. Bom, nem preciso falar mais né? Mesmo assim, se procurar com calma e paciencia, acaba encontrando acomodação e alimentação com preços muito razoáveis porém sempre em euro. Incrustado na ponta da praia central da cidade, do outro lado do porto onde chegam os ferries, Kula Ipadidi nos recebe com um sorriso discreto. Os gregos conseguem sorrir com os olhos, quando querem. O restaurante Bountaraki, ou, "vento fresco", em livre tradução, é recente mas já cravou raízes na ilha. “Trabalhávamos em Manchester, na Inglaterra, quando soubemos que estavam passando o ponto, vendendo o local", me conta ela enquanto espero um dos melhores polvos que já comi. “Aí, eu e meu marido, o chef Akis Karaioanoglu, sentimos que o sangue grego pulsou mais forte em nossas veias e resolvemos voltar. “Rezo a Deus que nos dê saúde que o restante nós resolvemos, conclui ela. Nascida na ilha de Santorini, outro ícone grego, pergunto para Kula se não nos indicaria um bom restaurante na pequena ilha de Antiparos, para onde planejava ir no dia seguinte.


Polvo com reducao de suco de laranja, alcaparras e erva doce

"Ouvi falar do restaurante Samano, de um chef muito famoso na Grécia. Dizem que ele prepara o polvo de forma sublime", conclui ela. Sugiro alugar um carro sempre que visitar qualquer ilha grega. Há transporte público que funciona, mas é irregular e demorado. Para mim é a melhor forma de conhecer qualquer lugar, quanto mais as ilhas gregas. Assim, para maior conforto e liberdade, alugar um carro é a alternativa certa. Dessa forma é possível ir a praias desertas, além de pequenos cantos e recantos das ilhas que somente com condução própria você conseguirá chegar. Foi assim que fui parar na irmã caçula de Paros, Antiparos, a apenas cinco minutos de ferry boat. Polvos e peixes secando ao sol me recebem nesta que é a nova ilha do momento em toda a Grécia. Se em Paros há praticamente uma invasão dos franceses, Antiparos é local de descolados e endinheirados, como Tom Hanks que, para quem não sabe, é casado com uma filha de gregos e tem uma belíssima casa por lá. Ficou curioso? Bom eu conto como foi nossa incrível experiência nesta ilhota charmosíssima e cheia de histórias na reportagem da semana que vem. Uma coisa já adianto. No restaurante do chef estrelado, o tal do Samanos, consegui reservar uma mesa e vocês não acreditam o que aconteceu! Enfim, por enquanto fiquem com curiosidade e a beleza destas ilhas que literalmente são dos deuses… e também dos mortais. Giá hará! Ou, como sempre se despedem os gregos, que significa: que você seja alegre! Gostou? Quer conhecer? Então me escreve: ppanayotis@oquevipelomundo.com.br


Jornalista Paulo Panayotis em Paros

Paulo Panayotis é jornalista profissional, ex-correspondente internacional de TV, escritor e viaja com apoio Avis.





Paulo Panayotis é ex-correspondente internacional de TV, mergulhador, escritor e conhece mais de 70 países. www.oquevipelomundo.com.br


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