Por Fernando Jorge
Recebi a visita de uma leitora das minhas crônicas sobre namorados e ela me disse:
– O meu namorado é poeta e apaixonado pela Lua.
Essa minha leitora contou que o seu namorado não para de fazer versos para a Lua, e os declama com voz alta. Fica tão emocionado que chora, soluça.
Amigos da minha leitora garantem, o seu namorado é louco. Perguntei a ela:
– Como são os versos que ele declama para a Lua?
A moça me informou:
– Outro dia ele fez uma poesia na qual afirma que a Lua cheia é a Lua sem roupa, completamente nua, após sair do banho, com a sua pele tão branca como a neve, o mais puro açúcar...
Ao ouvir isto comecei a rir. E garanti:
– O seu namorado tem muita imaginação.
A jovem respondeu:
– Sim, concordo, mas a sua imaginação é a de um louco, fez uma poesia dizendo que o Sol é moço louro que se apaixonou pela Lua. Apaixonou-se tanto que pegou fogo.
Fiz a moça rir com estas minhas palavras:
– Espero que o seu namorado não pegue fogo e fique em chamas, incendiando você...
Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
A mensagem dessa narrativa reflete a beleza e o encanto que a imaginação pode trazer para o amor, mesmo quando se aproxima do que alguns considerariam exagero ou loucura. A jovem compartilha o comportamento excêntrico do namorado poeta, que vê na Lua e no Sol metáforas poéticas para seu afeto, criando imagens tão intensas que evocam risos e admiração.
A crônica explora a fronteira entre o amor e a criatividade desenfreada, mostrando como o namorado da leitora transforma fenômenos naturais em personagens de uma história de paixão. A imaginação do poeta, que vê a Lua como uma mulher nua e o Sol como um amante ardente, revela uma forma de viver o amor que, embora incomum, é ao mesmo…