Por Rodrigo Ferrarese
Também chamada de SOP, a Síndrome dos Ovários Policísticos é uma alteração hormonal comum nas mulheres durante a vida reprodutiva e traz consequências para o corpo e para a saúde da mulher tais como obesidade, alterações nos índices de colesterol, pressão alta e maior propensão ao diabetes. Ainda assim, o problema da síndrome não são os cistos em si e sim um desequilíbrio hormonal. Além disso, a doença também atrapalha a fertilidade por “bagunçar” a ovulação. Estima-se que esteja presente em cerca de 8% a 13% da população feminina.
Uma das confusões mais comuns que eu vejo no consultório é entre ovários policísticos e a Síndrome dos Ovários Policísticos. São coisas bem diferentes, no entanto, os nomes parecidos podem enlouquecer uma paciente desatenta.
O cisto simples (também chamado de cisto folicular ou folículos antrais), visto na ultrassonografia, nada mais é do que o “ovinho” que vai fazer a paciente ovular e depois engravidar (caso ela queira engravidar, claro).
Quando é jovem, a paciente possui bastante folículos, que vão diminuindo em quantidade até ela chegar à menopausa, quando o “estoque de ovinhos” acaba. Por isso, é bastante comum que uma paciente jovem se depare com um quadro de ovário policístico quando faz ultrassom. Esses ovários micropolicísticos, que às vezes aparecem no laudo, nada mais são do que cistos pequenos – completamente comuns.
Quais os sintomas da Síndrome dos Ovários Policísticos?
Na SOP, os hormônios sexuais e a insulina ficam todos bagunçados, podendo levar a vários sintomas, como irregularidade menstrual e excesso de pelos. Essa alteração hormonal pode fazer com que não ocorra a ovulação e, consequentemente, há irregularidade menstrual ou falta de menstruação. Ter alterações em alguns ciclos faz parte da vida da mulher, mas na SOP é comum ficar meses sem menstruar.
No entanto, para podermos afirmar que essa irregularidade faz parte da SOP, é necessário considerar um desses critérios:
Entre o primeiro e terceiro ano após a primeira menstruação, se os intervalos entre os ciclos forem menores que 21 dias ou maiores que 45 dias;
Após três anos da primeira menstruação, se os intervalos forem menores que 21 dias ou maiores que 35 dias, em pelo menos 8 ciclos menstruais;
Toda vez que ocorrer um atraso menstrual maior que 90 dias.
Há também aumento de hormônios “masculinos”, principalmente a testosterona. Por isso, pacientes com Síndrome dos Ovários Policísticos frequentemente apresentam excesso de pelo no rosto e no corpo, oleosidade de pele e cabelos e acne.
A alteração no metabolismo da insulina pode ajudar a desenvolver obesidade, diabetes e a acantose nigricans, manchas escuras e aveludadas em áreas de dobras, como axilas, virilhas e pescoço.
Como saber se a mulher tem Síndrome dos Ovários Policísticos?
De acordo com o consenso médico mais atual, para ter o diagnóstico de SOP é preciso apresentar dois dos critérios: menstruação irregular ou não menstruar.
Ovários de aspecto policístico na ultrassonografia. Durante o exame é preciso ter mais de 20 folículos ou o volume ovariano deve ser maior que 10 cm³. E só vale para ultrassonografias transvaginais feitas após oito anos desde a primeira menstruação. Afinal, como explicado acima, é normal que pacientes jovens tenham ovários policísticos.
Sinais de excesso de hormônio masculino detectado clinicamente ou através de exames de sangue. Para a dosagem destes hormônios, o ideal é colher entre o primeiro e quinto dia do ciclo menstrual, na ausência de uso de pílulas ou outro hormônio.
Quem tem Síndrome dos Ovários Policísticos pode engravidar?
Como a paciente não ovula, é comum que tenha dificuldade para engravidar. Aliás, quando consideramos a infertilidade por fator hormonal, a Síndrome dos Ovários Policísticos é a causa presente mais comum.
Vale dizer, no entanto, que, com um tratamento adequado, a mulher pode, sim, engravidar. Esse tratamento varia de caso a caso.
Qual o tratamento para a Síndrome dos Ovários Policísticos?
O tratamento depende dos sintomas que a paciente apresenta, uma vez que cada paciente tem queixas diferentes e com intensidades distintas. Por isso, o tratamento tem que ser individualizado. É importante entender que, independentemente do tratamento escolhido, ele atuará apenas amenizando os sintomas – a SOP não tem cura. Além disso, o tratamento é demorado e leva algumas semanas para mostrar algum resultado.
O que, por outro lado, podemos recomendar como um auxílio para qualquer paciente com SOP é incorporar uma rotina de atividade física, além de prezar por uma alimentação saudável, com restrição de açúcar refinado e de farinhas brancas. Nas pacientes obesas, perder 5% do peso já traz um benefício grande para a regulação hormonal!
Por fim, as pílulas anticoncepcionais podem ser utilizadas como tratamento porque diminuem o nível de hormônio masculino e atenuam sintomas como acne, excesso de pelo e oleosidade da pele – mas somente para aquelas mulheres que não desejam engravidar.
Dr. Rodrigo Ferrarese é formado pela Universidade São Francisco, em Bragança Paulista. Fez residência médica em São Paulo, em ginecologia e obstetrícia no Hospital do Servidor Público Estadual. Atua em cirurgias ginecológicas, cirurgias vaginais, uroginecologia, videocirurgias, cistos, endometriose, histeroscopias, pólipos, miomas, doenças do trato genital inferior (HPV), estética genital (laser, radiofrequência, peeling, ninfoplastia), uroginecologia (bexiga caída, prolapso genital, incontinência urinaria) e hormonal (implantes hormonais, chip de beleza, menstruação, pílulas, DIU...). Mais informações podem ser obtidas pelo perfil @dr.rodrigoferrarese ou pelo site https://drrodrigoferrarese.com.br/
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