Por Roberto Maia
Enquanto muitos clubes brasileiros lutam para equilibrar suas finanças, acumulando dívidas astronômicas, o Real Madrid dá uma aula de gestão e inovação. O supercampeão europeu acaba de inaugurar o Real Madrid World, em Dubai, marcando um novo capítulo na união entre esporte e entretenimento. Esse parque temático reflete a capacidade de clubes bem administrados de expandirem suas marcas globalmente, algo distante da realidade da maioria dos times do Brasil.
Localizado a cerca de 30 quilômetros da famosa Palmeira Jumeirah, o Real Madrid World é o primeiro parque temático no mundo dedicado a um clube de futebol. O empreendimento, com uma área equivalente a seis estádios Santiago Bernabéu, apresenta mais de 40 atrações que combinam esportes, tecnologia e entretenimento.
Dentre os destaques, estão a Hala Madrid Coaster, a primeira montanha-russa de madeira do Oriente Médio, e a Stars Flyer, os balanços voadores mais altos do mundo, com 140 metros de altura. Os visitantes também podem vivenciar experiências imersivas, como o Bernabéu Experience, que traz a história e os troféus do clube, e o The Real Challenge, que simula momentos decisivos da trajetória madridista.
A estrutura inclui ainda um teatro para 850 pessoas, uma das maiores lojas de artigos oficiais do clube e uma praça de alimentação capaz de atender 15 mil visitantes diariamente. Essas iniciativas reforçam a conexão emocional entre o Real Madrid e seus fãs, oferecendo um novo nível de interação com a marca.
Enquanto o Real Madrid investe em projetos que elevam sua marca, os clubes brasileiros enfrentam desafios estruturais e financeiros. Em 2023, 14 dos 20 clubes da Série A registraram déficits operacionais, mesmo com receitas crescentes de direitos de transmissão e patrocínios. A má gestão, salários atrasados e falta de planejamento estratégico são problemas recorrentes.
No Brasil, o potencial de marketing dos clubes ainda é subutilizado. O Flamengo e o Corinthians, por exemplo, têm torcidas gigantescas, mas não exploram sua marca globalmente de forma comparável ao Real Madrid. Iniciativas como o Real Madrid World destacam a diferença entre os modelos de gestão. Enquanto os europeus tratam seus clubes como negócios globais, muitos brasileiros ainda operam de forma amadora.
O sucesso do Real Madrid World não é isolado, mas parte de uma estratégia consistente de gestão e inovação. O clube espanhol lidera em receitas globais e utiliza sua marca como um ativo valioso, atraindo patrocinadores, torcedores e investidores. Em Dubai, Emilio Butragueño, diretor de Relações Institucionais do Real Madrid, destacou que o parque transmite as emoções que o clube representa, conectando-se diretamente com os torcedores.
Para os clubes brasileiros, o exemplo do Real Madrid mostra que, com visão de longo prazo, é possível reverter crises e criar oportunidades. Investir em estrutura, modernizar modelos de governança e diversificar receitas são passos essenciais para seguir essa trajetória.
O Real Madrid World não é apenas um parque temático; é um marco que eleva o futebol a outro patamar. Ao oferecer experiências imersivas, atrair turistas e reforçar sua marca globalmente, o Real Madrid se consolida como exemplo de gestão no esporte.
Já no Brasil, a necessidade de mudanças é urgente. Adotar práticas modernas e explorar o potencial de suas marcas permitiria aos clubes não apenas sanarem suas dívidas, mas também conquistarem relevância global. Afinal, o futebol brasileiro, tão rico em talento, merece uma gestão que esteja à altura de sua grandeza.
Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Escritor e editor do portal travelpedia.com.br
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