Por Paulo Panayotis
Urupema, Serra Catarinense – Brasil. Os termômetros marcam 6 graus de temperatura. É minha primeira noite na cidade que se auto intitula como a mais fria do Brasil. “Já atingimos temperaturas de menos 18 graus, afirma com uma ponta de orgulho Ednei Alves, dono da Pousada onde estou hospedado.
Há dez quilômetros de Urupema, na área rural, acordo diariamente com uma névoa bruxuleante e um frio daqueles. Quem me desperta são vaquinhas que estão na ordenha. Após uma boa xicara de chocolate fumegante, estou pronto para conhecer as redondezas. Dentre outras atividades do turismo rural, está uma que adoro: colher frutas diretamente no pomar. “Colhemos cerca de 700 toneladas de maçãs a cada ano. Somos pequenos produtores, completa o envergonhado Ednei, me ajudando na minha primeira colheita de reluzentes e vermelhas macas Fuji no Brasil. Jamais esquecerei o sabor do fruto fresco e ainda bem geladinho tirado do pé! Comi duas enormes, uma atrás da outra. Lembrei da primeira vez que colhi maçãs no interior da Franca e, imediatamente, da Europa.
Aliás, tudo me lembra muito o clima do velho continente. Adoro cada segundo desta viagem. Apesar de conhecer todo o Brasil, nunca estive na Serra Catarinense. Um casal de amigos, que se cansou do stress de São Paulo, comprou um terreno em Urubici e está terminando de construir a casa dos sonhos. Aliás, Urubici é outra pequena joia da Serra. Há uma década era praticamente desconhecida. Hoje, ostenta restaurantes gastronômicos, pesca de trutas, lojas badaladas, mas ainda mantem um clima de cidade do interior. Ainda! Porque nos feriados, a cidade entope de paulistas, gaúchos e até mesmo de turistas nordestinos. Por lá, além de muita sofisticação, uma obra única da natureza: a serra do Corvo Branco!
Trata-se da serra com o maior corte de rochas, feita pelo homem, de todo o Brasil e atinge 90 metros de profundidade, explica essa minha amiga que se cansou dos arranha céus paulistanos e olha, com claro orgulho, para esse arranha céu natural que, claro, recebeu uma mãozinha humana. No dia em que fomos conhecer, estava praticamente intransitável: era feriado e havia dezenas de “turistas” travando todo o caminho para tirar “selfies”! Nada é perfeito, né?
Outra cidade pela qual me apaixono na querida e até agora desconhecida Serra Catarinense, é São Joaquim! Divide com Urupema o título de mais fria do Brasil. Menos badalada e ainda relativamente desconhecida pelas hordas de turistas endinheirados, o município, que também vive da agricultura e do turismo de inverno, é uma gracinha. Tem canteiros com diversas flores, inclusive lavandas, espalhados pelas ruas cidade. Mais uma vez a Europa vem povoar minhas recordações. Com muitas opções de hospedagem bem mais em conta que Urubici, seguramente voltarei não só para São Joaquim como para a Serra Catarinense. Especialmente porque adorei conhecer a Serra do Rio do Rastro! Inacreditável construção natural que recebeu uma mãozinha humana, a serra é um imã para motociclistas que vibram descendo e subindo por suas 284 curvas e 1.421 metros de altitude! Simplesmente fantástico! Brasil com cara de Europa, só que em real! Em tempos de euro a quase sete reais, é uma excelente opção já que nosso dinheiro virou pó nos últimos anos. E pó por pó, prefira o pó da Serra do Corvo Branco ou do Rio do Rastro.
Serviço: Fui de carro, parando em Curitiba para pernoitar. Em seguida fui para Urupema, Urubici e São Joaquim, terminando em Floripa antes de retornar. Foram nove dias, 2 mil e cem quilometros e muitas, muitas descobertas. Quer mais dicas sobre essa rota, onde me hospedei, restaurantes? Me manda um e mail que detalho para você. ppanayotis@oquevipelomundo.com.br ou vai lá no portal www.quevipelomundo.com.br
Fotos: Paulo Panayotis
Paulo Panayotis é jornalista profissional, ex-correspondente internacional de TV, escritor, mora pelo mundo e especialista em curadoria para a Grécia e a França.
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