Por Paulo Panayotis
Palermo/Sicília. Desembarco no aeroporto Falconi Borselino, em Palermo, na Sicília. O tempo está claro. O voo de Paris, com escala em Roma, foi excelente. É outono na Sicília. A ideia é conhecer “a terra onde a CosaNostra, a máfia, nasceu”. Mas a Sicília guarda outro título bem melhor e mais antigo. Trata-se da Magna Grécia! É esta Sicília que procuro. Contextualizando você: a Sicília é a maior das ilhas do mar Mediterrâneo e fica no sul da Itália. É, digamos assim, a bola no final da bota! Como fica entre a Grécia a África e o Oriente Médio, sempre foi caminho de comerciantes e rota de invasores. Um divisor natural entre Ocidente e Oriente. Por lá passaram romanos, godos, visigodos, árabes, fenícios e gregos, entre outros invasores. Meu plano: alugar um carro e dar a volta na “ilha” em uma semana. Tempo suficiente, dependendo do tempo. Se não chover, será tranquilo.
O espanto é imediato! As surpresas se sucedem. Com todo o respeito, nem parece a Itália. No desembarque, um aeroporto tranquilo. Melhor. Um aeroporto que funciona segundo os melhores padrões europeus. Já motorizado, sigo viagem por estradas excelentes, largas, seguras, sinalizadas e praticamente sem pedágio! Sim, são pouquíssimas as auto-estradas pedagiadas na Sicília. Siracusa, Taormina, o vulcão Etna, a rural Marsala e a histórica Agrigento, a mais grega das cidades fora da Grécia, esperam por mim. O tempo ajuda. O clima ajuda. A história ajuda e até os Sicilianos ajudam.
São dias de pura informação, de aprendizado histórico e deleite gastronômico. Justamente pela localização e pelas dezenas de invasões, a comida siciliana, se assim podemos dizer, é soberba. Tem todos os ingredientes do Mediterrâneo e ainda os do restante da Europa e do Oriente Médio… Peixes grelhados com orégano, massas com trigo de “grano duro”, cordeiros extra macios e especiarias, muitas especiarias. Mas ainda não é hora do almoço. De Palermo a Siracusa, de carro, são aproximadamente 260 quilômetros. Cerca de duas horas e meia sem correr. Siracusa é a terra do matemático Arquimedes. A cidade chegou a rivalizar com Atenas e Roma em poder político e econômico. É também a terra do ‘canoli’, um doce típico siciliano extraordinário.
Feito com massa crocante, é uma espécie de canudo, de pastel, recheado com creme. De lamber os beiços! De Siracusa, dou uma passadinha no temido vulcão Etna, o senhor da Sicília. No entanto, o grosso nevoeiro me impede de seguir até a cratera. Não dá para ver nada então sigo para a histórica Agrigento. Como sou filho de gregos e conheço bem a terra da Deusa Atena, estou ansioso. Conhecer o Vale dos Templos, o maior e mais preservado conglomerado de monumentos históricos gregos fora da Grécia, é um sonho antigo.
O dia, de um azul profundo, me dá as boas vindas e tenho o prazer de conhecer cada pedacinho deste local único. Situando novamente: a Sicília foi duramente disputada pelos fenícios e gregos. Estes últimos levaram a melhor. E levaram a ilha ao seu apogeu durante os cinco séculos que por lá permaneceram. Por isso, em cada canto da Sicília há templos gregos dedicados às divindades mitológicas helênicas sem falar das dezenas de teatros a céu aberto. E é em Agrigento que se concentram talvez os mais relevantes e seguramente os maiores complexos arquitetônicos daquele período. Daí o nome ‘Magna Grécia’, capisce? Dias muito intensos, inesquecíveis. Ah, gostou da Sicília? Quer conhecer mais? Então você é meu convidado. Entre no portal “O Que Vi Pelo Mundo” (www.oquevipelomundo.com.br) e viaje, em vídeo, por toda a Rainha do Mediterrâneo. Espero vocês lá com muitas dicas e histórias deliciosas. Ciao belos! ppanayotis@oquevipelomundo.com.br
Fotos: Paulo Panayotis & Adriana Reis
Paulo Panayotis é jornalista profissional, ex correspondente internacional de TV, escritor e especialista em curadoria para a Grécia e a França.
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