Sucesso de público e crítica, premiada Tebas Land, do uruguaio Sergio Blanco, volta a São Paulo para uma temporada no Teatro Vivo no dia 15 de abril
- Redação JBA
- há 2 dias
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Com direção de Victor Garcia Peralta, peça é uma autoficção que acompanha os encontros entre um jovem parricida e um dramaturgo interessado em escrever a história do crime

Ao retratar a instigante relação entre um jovem parricida e um dramaturgo interessado em escrever a história de seu crime, o espetáculo Tebas Land, escrita pelo conceituado dramaturgo uruguaio Sergio Blanco, conquistou o público brasileiro desde a sua estreia, em 2018, ganhando temporadas em diversos cantos no país até a chegada da pandemia de Covid-19.
Agora, o espetáculo, dirigido por Victor Garcia Peralta e estrelado por Otto Jr. e Robson Torinni, está de volta a São Paulo para mais uma temporada no Teatro Vivo, de 15 de abril a 28 de maio, com apresentações às terças e quartas-feiras, às 20h. A nova temporada é realizada com recursos da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, e conta com o patrocínio da Vivo.
Sucesso de crítica, a peça conquistou os prêmios Shell RJ de melhor ator (Otto Jr.) e Botequim Cultural de melhor espetáculo, direção e ator (Robson Torinni). Também foi indicado ao Botequim Cultural de Melhor Ator (Otto Jr.) e Cesgranrio de Melhor Direção e Melhor Ator (Robson Torinni). Além disso, participou do Festival de Avignon, na França, um dos eventos de teatro mais importantes do mundo.
“Tivemos que parar o espetáculo, com plateias lotadas, no começo da pandemia. E é com muita alegria que voltamos com esse texto, que ganhou adaptações premiadas em uma série de países”, celebra Torinni, idealizador da peça ao lado de Peralta.
Na trama, em um presídio de segurança máxima, um dramaturgo coleta o relato de um jovem condenado por assassinar o próprio pai com 21 golpes de garfo. O cenário reproduz a quadra de basquete de uma prisão, onde ocorrem os encontros quase documentais entre os dois personagens, duas pessoas de mundos completamente distintos.
Assim, começa uma peça dentro da peça, com Robson Torinni na pele tanto do jovem assassino quanto do ator que o representa. Com esse jogo de metalinguagem e autoficção, características tão marcantes nas obras de Blanco, a montagem propõe uma reflexão sobre a construção da dramaturgia, o universo teatral e os limites entre ficção e realidade.
“O texto nos cativou pelos dois diferentes planos, razão e emoção, e pelo processo criativo imbuído neles, em que a dramaturgia é construída durante a ação da peça, oscilando, quase que paralelamente, entre a discussão do fato ocorrido e a construção do texto da peça que será baseada no crime”, conta o diretor.
O espetáculo é inspirado no mito do Édipo e na vida de São Martinho de Tours, santo europeu do século IV e também revisita textos que abordam o tema da paternidade, como “Os Irmãos Karamazov”, de Dostoievski; “Um Parricida”, de Maupassant; e “Dostoievski e o Parricídio”, de Freud.
Como de praxe nas dramaturgias do autor, a peça nos faz refletir sobre problemas sociais, sempre com sensibilidade e inteligência, como a importância da paternidade, a falta de afeto na contemporaneidade, a solidão, as famílias disfuncionais e a falência dos sistemas prisionais.
“A peça aborda uma questão que muito nos toca: as ligações com os pais. Nem todos podemos ser pais, mas todos somos filhos e, portanto, todos temos a experiência da descendência. É também um trabalho sobre a dinâmica do que é a engenharia da construção de uma peça, como o texto pode ser escrito”, define o dramaturgo Sergio Blanco.
Tebas Land também nos alerta sobre as consequências dos abusos (físicos, sexuais e psicológicos) sofridos na infância, que perduram durante a vida toda das vítimas. No Brasil, um estudo revelou que, apenas no primeiro semestre de 2022, 84% das violações contra crianças de até 6 anos foram cometidas por familiares. Essas agressões têm impacto negativo a curto, médio e longo prazo na saúde física e mental das vítimas e em suas práticas parentais futuras.
O sucesso da peça, para Peralta, deve-se justamente às reflexões e diálogos sobre esses temas sociais e culturais tão relevantes, promovendo a conscientização e estimulando o pensamento crítico.”Além disso, a história conecta duas pessoas de diferentes origens, criando um espaço de empatia pelo público. Acho que o espetáculo reforça a importância da arte como veículo de transformação social, influenciando positivamente a percepção coletiva e a compreensão dos desafios atuais”, acrescenta.
Tebas Land, de Sergio Blanco
Temporada: 15 de abril a 28 de maio
Terças e quartas, às 20h
Teatro Vivo
Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460 - Vila Cordeiro
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